08/07/2009

O Mar.

O mar, tão infinito, tão inconstante, assim como o vento, seu maior parceiro, que se encarrega de espalhar a maresia por toda a cidade, corroendo corações.
O meu corpo, castigado pelo Sol - ao qual me expus a vida inteira, procurando nele o calor de seu abraço - Já não está mais quente, como costumava ficar ao receber seu olhar cálido.
A vida já não é a mesma;
Onde existia cor, está cinzento, onde existia alegria, só há tragédia.
Ninguém, além de nós, intende o quão difícil é amar e não estar presente. Aliás, ninguém entende o quanto sofre o meu coração, ele sim, já desgastado pela maresia.

05/07/2009

Cidade.

Ouço o som do trânsito caótico, as pessoas passam por mim, e murmuram os seus próprios assuntos.
Observo. Cada uma delas carrega um sorriso, conversam agitadamente, enquanto eu ando em passos retos, introspecta em meus pensamentos.
Por que tem que ser assim? Nenhum Homem é Homem enquanto não encontra um motivo pelo qual morrer.
Mas que motivo?
Dentro de mim só há pensamentos desconexos, só há, em meu coração, um vazio.

O vazio deixado pela sua ausência.

Repentinamente.

Repentinamente me envolvi.

Não havia nada que me prendesse a atenção. O ambiente era entediante, em nada me acrescentava. Até que percebi.

A intensidade do teu olhar era tamanha, que abstraí o som contagiante e as pessoas empolgadas ao meu redor. Alí só havia uma pessoa. Me aproximei, e observei seu sorriso, levemente encabulado. Retribuí.
Perguntei seu nome. Soava diferente, a conversa fluiu, e a acompanhei até seu apartamento.
Você colocou aquela música, pulsante, meio new rave, meio rockabilly, uma loucura, como o desejo que emanava de nossos corpos.
Eu me aproximei, apreensiva, e você me disse, ao pé do ouvido:
'' - Não pense, apenas sinta.''
E foi o que de fato fiz.
Meus sentidos haviam se mixado, eu já não sabia se olhava ou ouvia o seu olhar;
se sentia ou escutava as suas mãos. Era só o meu coração que ia no ritmo da música.
Era só você, envolvente, como sempre.